Cada dia, cada hoje que se encerra,
porque outro se começa, e a vida re-inicia,
e a lida da promessa, desta pressa fugidia,
lambe a travessa, e atravessa se não se emperra...
Porque assim é a certeza, e a pressa,
como a lâmpada que se acende na rua,
como a sólida solidão em que atua,
o lábaro agitado num azul que se espessa...
Que o azul nos expressa como a voz,
como a cadência do asfalto ao longe,
onde o vasto é inexato, em tudo se esconde,
e em cada se pulsa, como o atravessado atroz,
passarinho Albatroz que canta com voar,
em toda praia, todo rio, em meu peito todo mar.
Eita, que me lembrou um soneto que li ainda no meu ensino médio, de Camões:
ResponderExcluirSete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
Alguém conhece?
Fabrício, é um lindo soneto de Luís de Camões. Que bom que bom que este meu soneto te lembrou este outro, tão lindo. Um grande abraço
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